Três horas. Jogado em meio as cobertas, os olhos circundados de olheiras , meu corpo estava quente, o suor percorria-me todo de modo que tivesse a leve sensação de que o calor estivesse se propagando.

Isso poderia ser o nervosismo para pegar meu primeiro pokémon!? Não, o motivo é outro porém está interligado com este.
A incerteza de sair mundo á fora comia minha mente da mesma forma que um tubarão come um peixe, ou seja, de um modo monstruoso, surpreendedor.
Você deve estar se perguntando: ''como assim surpreendedor?'', e eu lhe respondo: surpreendedor pois veio de repente. Algo fúnebre ressoava na minha cabeça dizendo para eu não prosseguir, diferente de meu consciente que queria estar limpo para seguir em passos largos e rápidos.

Cloc, cloc - dizia o relógio afirmando que as horas estavam se passando.
Virei ao outro lado para ver se o sono iria conseguir me conquistar, mas o seu flerte não era tão poderoso quanto pensava. Me entreguei a tentação, decidi ficar acordado esperando as horas passarem, mesmo sabendo que necessitava de um bom descanso.


Cloc, a última hora e, uma confusão: O que eu deveria fazer? Estaria ditando para mim mesmo o certo ou o errado? Será que teria a capacidade de enganar a si próprio tentando me levar a um caminho que poderia falhar a qualquer momento? Eu.. Eu não posso..

Balancei repentinamente a cabeça. Levantei olhando para os lados, tendo a certeza de que o sol já havia nascido e que seria um dos meus companheiros, a luz.

Tomei meu banho matinal, escolhendo sabiamente as roupas necessárias que deveria utilizar, claro, a boina era algo essencial, pois quem deu ela foi um enteado que morreu a muito tempo. Lembro-me de que ele tinha o mesmo sonho que eu, mas falhou..

Essa essência não podia me dominar, não agora. Desci as escadas já percebendo que não havia ninguém em casa, peguei um pedaço de pão e o devorei para não perder o ônibus que seguia para a cidade Nuvema.


Após embarcar, pude me despedir da doce neve que caia em direção ao chão e logo logo se perdia de minha visão. Parecia que dentro daquela máquina minha mente não fixava em apenas um assunto, mas sim em vários. Sabe um quebra cabeça desmontado? Era deste jeito em que eu me encontrava.

Os grande sonhos percorriam minha cabeça, assim como os grandes fracassos.

O nada era o ponto que meu olhar se fixou, o nada que eu me refiro é uma enorme imensidão branca com um ar gelado.. Que infelizmente... Foi desaparecendo  aos poucos, dando espaço a uma imagem com um enorme matagal.

De fato demorou um bocado para finalmente eu chegar a onde finalmente queria, na famosa cidade de Nuvema!
A diferença de temperatura era tremenda, não pudia negar essa comparação com Iccirus, porém se formos realmente pensar, é esse clima que eu terei de enfrentar daqui para frente.

Não foi muito difícil achar o laboratório, o mapa que eu tinha em mãos era como um tutorial milagroso.


O primeiro passo, a porta automática se abriu.. E o segundo... Eu poderia me odiar até eu morrer se desse errado.

Fechei meus olhos, comecei a respirar fundo de modo que transmitisse a sensação de que estava escolhendo quem seria meu parceiro. Porém, o que eu realmente estava fazendo era relaxando, precisava disso para conseguir raciocinar direito quando eu fosse apontar meu dedo dizendo: ''Fulano, você!''

Após um tempo, abri meus olhos começando a analisar o comportamento de cada um. Tepig parecia ser energético, transmitia uma enorme felicidade. Oshawott tinha o mesmo olhar que eu, uma pedra ônix que refletia a imagem de quem estivesse a olhando, além de que era meio atrapalhado. Snivy era bem diferente desses dois, tinha um ar de superioridade por sempre estar com o nariz empinado para cima, um pokémon orgulhoso e decidido. Ainda tinha dúvidas. Apontei para o monstrinho esverdeado e falei um pouco indeciso:

- Eu desejo o Snivy.

Juniper pegou a poké-bola que o sugou para dentro dela em um raio vermelho, dando-me ela com um conjunto de cinco poké-balls e uma pokédex. Me despedi dela seguindo a saída. Algo como algum karma havia saído do meu corpo.
Finalmente estava livre para seguir minha jornada, não podia em hipótese alguma em pensar a desistir.

Agarrei a esfera bicolor apertando por já seu centro fazendo-a aumentar de tamanho. Lancei para o alto, ela se abriu, liberou um raio azulado que pousou no chão. Ali, na minha frente, estava Snivy, com sua pose esbelta como alguém da realeza.
Me agachei ficando quase em sua altura, tinha que dialogar um pouco:

- Olá! Meu nome é Vous e irei ser seu amigo por aqui em diante! - falei estendendo a mão. Ele suspeito, ficou me observando por um certo tempo até dar-se por si só que poderia confiar em mim. Sorriu, apertou minha mão.
Fiquei animado, bem animado, aquela sensação estranha havia passado de uma vez, sem algum vestígio. Pude finalmente seguir em frente, em direção a primeira rota que eu iria entrar!